Comitê do Rio Urussanga clama por maior mobilização em prol da preservação das águas
Bacia está entre as piores de Santa Catarina no que diz respeito à qualidade e quantidade dos recursos hídricos disponíveis
O Dia Mundial da Água, celebrado nesta quarta-feira, 22 de março, evoca a retomada de um debate que deveria ser evidenciado todos os dias: o alerta quanto à necessidade de mobilização de toda a sociedade pela preservação do recurso, tão essencial para a vida humana. No Sul de Santa Catarina, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Urussanga é o órgão que atua em busca da gestão hídrica e, nesta data, reforça o alerta para o fato de pertencer a uma das piores bacias do Estado no que diz respeito à qualidade e quantidade de água em seu território.
A promoção de uma maior mobilização social em torno da recuperação e preservação dos mananciais hídricos, conforme a presidente do Comitê Urussanga, Lara Possamai Wessler, caminha lado a lado com a busca por um cenário que garanta a segurança hídrica da região para as próximas décadas. “A sociedade ainda não está debruçada sobre este assunto e, em um médio espaço de tempo, já poderemos sofrer com a escassez hídrica. É uma preocupação com o futuro, que precisa ser levada a sério desde o presente”, completa.
Neste cenário, para o vice-presidente do Comitê Urussanga, Fernando Damian Preve Filho, até o momento, nenhuma mobilização realmente estruturada e politizada da sociedade como um todo para a gestão das águas tem sido percebida.
“Então como vamos garantir que este debate ande para a frente? Uma pergunta fácil de fazer e difícil de responder, pois muitos ainda não percebem a real seriedade da situação. Se conseguíssemos avançar nessa questão da gestão, em uma região onde a qualidade dos recursos hídricos é muito baixa e o volume não é tão significativo, aí poderíamos dizer que estaríamos caminhando em prol de um futuro melhor”, evidencia o vice-presidente.
Preservação completa
Representando a Colônia de Pescadores do Balneário Rincão, Antônio Adílio da Silveira é membro do Comitê Urussanga há vários anos, o qual já presidiu em duas oportunidades. Ele chama atenção para a forma irresponsável como o ser humano, em sua grande maioria, ainda vem tratando os recursos hídricos.
“Atualmente, além de precisarmos lidar com um grande passivo ambiental; temos problemas com as nascentes dos rios; há poluição das águas por diversos setores diferentes em toda a região; nossa água subterrânea está piorando a cada dia que passa; as matas ciliares estão diminuindo cada vez mais por conta da ação do homem; e já registramos um uso de água maior do que a própria capacidade de produção… Ou seja, para garantir a segurança hídrica tão necessária, é preciso que olhemos não somente para as calhas dos rios, mas para a preservação da bacia hidrográfica como um todo”, alerta.
A Bacia do Rio Urussanga
A Bacia Hidrográfica do Rio Urussanga abrange, integral ou parcialmente, 10 municípios do Sul de Santa Catarina: Urussanga, Cocal do Sul, Pedras Grandes, Treze de Maio, Morro da Fumaça, Criciúma, Içara, Sangão, Jaguaruna e Balneário Rincão.
O Rio Urussanga é formado pela confluência dos Rios Maior com o Carvão e, mais abaixo, recebe os Rios América, Caeté, Cocal, Ronco D’Água, Linha Torrens, Linha Anta e Três Ribeirões pela margem direita, bem como os Rios Barro Vermelho, Ribeirão da Areia e Vargedo pela margem esquerda.
Na área de influência da Bacia do Rio Urussanga encontra-se, ainda, um sistema lagunar, composto pelas Lagoas Bonita, do Réu, Urussanga Velha, outras menores e vários arroios, entre eles os da Cruz e do Réu.
Reforço com nova Entidade Executiva
Para dar suporte nos trabalhos em prol da gestão hídrica da bacia, uma equipe técnica vinculada à Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) já está atuando junto ao Comitê Urussanga. A instituição teve seu projeto aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), no Programa de Fortalecimento dos Comitês de Bacias Hidrográficas, por meio do Edital de Chamada Pública FAPESC nº 32/2022 e é a nova Entidade Executiva do órgão.
Texto: Francine Ferreira